Tudo está consumado.
O teu olhar, Senhor, que baptizou a terra,
O teu olhar que eterniza
O teu olhar que eterniza
E que revestiu com luz nova os seres
E as pequenas coisas da vida.
E as pequenas coisas da vida.
O teu olhar já não existe.
Tudo está consumado.
São fixados para sempre,
São fixados para sempre,
Nunca sairão da memória humana
Aqueles que encontraste na parábola da tua vida,
O apóstolo e o miserável,
O apóstolo e o miserável,
O jovem rico e a mulher do poço de Jacob,
Pilatos que lavará as mãos até ao fim dos tempos,
Pilatos que lavará as mãos até ao fim dos tempos,
Caifás com o dedo levantado para anunciar as dúbias sentenças.
De todas as sabedorias apodreci das pela avareza do
coração,
O cego que viu o seu rosto subir do fundo das águas,
Lázaro de pé, escapado às garras moles das trevas,
O cego que viu o seu rosto subir do fundo das águas,
Lázaro de pé, escapado às garras moles das trevas,
Marta que não tinha um minuto para si
E sua irmã contemplativa que escolhera a melhor parte,
Nicodemo que teria querido compreender
Nicodemo que teria querido compreender
E o centurião que não duvidava!
Tudo está consumado.
O teu corpo traspassado, tirado da cruz,
Desliza para o braços da tua mãe,
De João o filho que lhe legaste,
De Madalena junto daqueles que queima
Como uma torcida de dor.
Ó Maria!
Ser abençoada entre todas as mulheres
Significava que tudo te seria pedido
Para sofrer, saber e aceitar?
Para sofrer, saber e aceitar?
Tudo está consumado.
N a colina dos supliciados
Onde o mundo apresenta a si mesmo a morte como
espectáculo,
Já só há em teu redor estes três seres imensos
Que irradiarão até ao fim dos dias
E que chorarão,
Ó Cristo,
Irrupção de luz escondida.
ANDRÉ FROSSARD (1915-1995)
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