segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

30 Dezembro - Oração para cada dia



Concede-me, Deus misericordioso, que deseje com ardor o que aprovas, o procure com prudência, o reconheça na verdade, realize na perfeição, para louvor e glória do teu nome.

Põe ordem na minha vida e que eu faça o que queres; concede-me que o conheça e o realize como é preciso e como é útil para a salvação da minha alma.

Que eu vá em direcção a Ti, Senhor, por um caminho seguro, direito, agradável que me leve até ao fim; que eu não me desvie entre as prosperidades e as adversidades, de modo que te dê graças nas coisas prósperas e que, nas adversas, eu seja paciente, não me deixando envaidecer com as primeiras, nem abater com as segundas.

Que nada me alegre, nem me entristeça, fora do que me conduz a Ti ou me afaste de Ti. Que eu não tema agradar ou desagradar a ninguém, a não ser a Ti. Que tudo o que passa se torne vil aos meus olhos por causa de Ti, Senhor, e que tudo o que a Ti se refira me seja querido, mas Tu, meu Deus, mais que tudo o resto.

Que, sem Ti, toda a alegria me canse e fora de Ti nada deseje. Que todo o trabalho, Senhor, me seja agradável se for para Ti e todo o repouso, insuportável sem Ti. Concede-me que, frequentemente, dirija o meu coração para Ti e, quando fraquejar, eu me arrependa da minha falta com dor, com um firme propósito de me corrigir.

Torna-me, Senhor meu Deus, obediente sem contradição, pobre sem defecção, casto sem corrupção, paciente sem protesto, humilde sem fingimento, alegre sem dissipação, contido sem rigidez, activo sem leviandade, animado pelo teu temor sem desencorajamento, sincero sem duplicidade, fazedor do bem sem presunção, abeirando-me do próximo sem altivez, edificando-o com a palavra e o exemplo sem falsas aparências.

Dá-me, Senhor Deus, um coração vigilante, que nenhum pensamento leviano arraste para longe de Ti; um coração nobre que nenhuma intenção equívoca desvie; um coração firme que nenhuma adversidade quebre; um coração livre que nenhuma paixão violenta subjugue.

Concede-me, Senhor meu Deus, uma inteligência que te conheça, uma solicitude que te procure, uma sabedoria que te encontre, uma vida que te agrade, uma perseverança que te espere com confiança e uma confiança que, por fim, te possua. Concede-me que seja afligido com as tuas penas pela penitência, que nesta caminhada use as tuas benemerências pela graça, que goze as tuas alegrias, sobretudo na pátria [celeste], pela glória. Tu que, sendo Deus, vives e reinas pelos séculos dos séculos. Ámen.

TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)

domingo, 29 de dezembro de 2019

29 Dezembro - Senhor, faz de mim...



Senhor, faz de mim um instrumento da tua paz.
Onde houver ódio que eu leve o amor.
Onde houver ofensa que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia que eu leve a união.
Onde houver erro que eu leve a verdade.
Onde houver a dúvida que eu leve a fé.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Senhor, que eu não procure tanto consolar
quanto ser consolado,
ser compreendido
quanto ser amado.
Pois é dando que se recebe,
esquecendo-se que se encontra,
perdoando que se é perdoado,
morrendo que se vive para a vida eterna.

ATRIBUÍDO A FRANCISCO DE ASSIS

sábado, 28 de dezembro de 2019

28 Dezembro - Tu és santo



Tu és o único santo, Senhor Deus,
Tu que fazes maravilhas!

Tu és forte, grande e alto.
Tu és todo-poderoso.
Tu, Pai Santo, rei do céu e da terra.

Senhor Deus, és o único bem.
És todo bem, o soberano bem,
Senhor Deus vivo e verdadeiro.

Tu és amor e caridade.
És sabedoria e humildade.
És paciência, beleza e mansidão.
És segurança, repouso e alegria.
És justiça e medida.
Tu és toda a nossa riqueza; isso nos basta.

Tu és bondade, és doçura, és o nosso abrigo.
Tu és o nosso guardião e o nosso defensor.
Tu és força e frescura.

Tu és a nossa esperança.
És a nossa fé.
És a nossa caridade.
És a nossa grande doçura.
És a nossa vida eterna,
grande e admirável Senhor,
Deus Todo-Poderoso, Salvador misericordioso.

FRANCISCO DE ASSIS (1182-1226)

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

27 Dezembro - Enquanto Deus for Deus, Deus será homem



Bendito sejas, ó grande Deus, Deus dos deuses, Rei de glória,
Por também terdes querido trazer as tuas grandezas à terra
E juntar tão intimamente a tua divindade à nossa humanidade!

Bendito sejas ainda, Deus eterno e incompreensível
Na tua bondade, na tua sabedoria e no teu amor,
Porque o fizeste para sempre!
Porque, enquanto Deus for Deus, Deus será homem.
E bendito sejas, para sempre, por teres feito esta grande obra para nós,
E por te teres feito homem para o homem!

Porque também te dignaste fazer-nos participantes das tuas grandezas,
E, no segredo do teu amor,
Numa tão grande obra,
Tomemos parte convosco,
Entremos nos teus desígnios, nos teus interesses e nos teus sentimentos,
Sejamos totalmente teus,
E totalmente teus para sempre.

PEDRO DE BÉRUllE (1575-1629)

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

26 Dezembro - Hino de Natal



Natal! Natal!
É Jesus Redentor!
Que de mais belo podemos contemplar!
Que de mais sublime podemos admirar,
Que de mais maravilhoso adorar
A não ser o nascimento do Filho de Deus,
Jesus, que veio trazer e acerder o fogo (o seu fogo)
À terra.
Quando uma centelha deste amor brota num coração,
Incendeia a alma com desejo de conhecer e de amar
Deste Deus cada vez mais… amá-lo sem partilha,
Como Ele quer que o amemos.
Deus baixa-se até à criatura
Para permitir-lhe que vá até Ele…

Marthe Robin (1902-1981)

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

25 Dezembro - Mistério de Natal



Ó doce Menino de Belém,
concede-nos que comunguemos
com toda a nossa alma no profundo mistério do Natal.

Põe no coração dos homens
esta paz que, às vezes, eles procuram
tão duramente e que só Tu podes dar.

Ajuda-os a conhecer-se melhor
e a viver fraternalmente
como filhos do mesmo Pai.

Descobre-lhes também a tua beleza,
a tua santidade e a tua pureza.
Desperta o seu coração o amor
e o reconhecimento por tua infinita bondade.

Une-os a todos na tua caridade
e dá-nos a tua paz celeste.
Amen.

João XXIII (1881-1963)

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

24 Dezembro - Tu que és o meu Senhor



Tu que és o meu Senhor,
Tu cuja vontade prefiro à minha... Aceita, benévolo, a minha súplica como um clamor imenso. Para que as minhas palavras sejam sempre mais dignas de ser escutadas por Ti, dá intensidade e perseverança à minha oração.

Ó Deus, a Ti que és poderoso, a Ti de quem me fiz servidor, peço com perseverança, e sempre pedirei, que mereça ser ouvido. Não para alcançar um bem terreno; peço o que devo pedir: Tu!... Porque Tu és Deus e porque a tua função é ser compassivo, tem piedade de mim! E não um pouquinho somente, mas à medida da tua misericórdia.

Porque a tua misericórdia é imensa e o meu pecado é grande, tem piedade de mim grandemente, tão grandemente quanto a tua misericórdia; então, poderei cantar os teus louvores contemplando o teu nome que é «Senhor». Bendizer-te-ei com uma bênção que durará tanto quanto os séculos, louvar-te-ei com o louvor deste mundo e do outro.

BRUNO, O CARTUXO (C. 1030-1101)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

23 Dezembro - Meu Deus, dispensador de dons



Meu Senhor, ó Senhor.
Dispensador de dons, cuja essência é ser bom,
Tu, que governas todos os seres com equidade,
quem sozinho criou do nada todas as coisas.

Ó Glorificado, Inescrutável, Poderoso,
Temível, Terrível, Forte,
ó Tu, cuja veemência ninguém pode suportar.

Ó Inacessível, Inatingível, Incompreensível,
Indizível, Invisível, Insondável,
ó Impalpável, Impenetrável
Tu, que és sem início e estás fora do tempo.

Ciência em que não há bruma,
Olhar que nunca enfraquece.
Essência verdadeira, simultaneamente eminente e humilde,
Existência abençoada.

Oriente sem sombra, Raio totalmente deslumbrante,
Tu, que proclamamos Luz.

Ó Confiança infalível, Repouso sem inacção,
Selo indelével, Espectáculo infinito,
ó Nome de quem se deu testemunho.

Sabor de suavidade, Taça de alegria,
ó Pão que fortaleces as almas.

Amor alheio a toda a escuridão,
lndubitável promessa.

Véu digno de inveja, Veste inviolável,
Manto desejável, Ornamento de glória.

Ó Grande, que nos estendes a mão, Refúgio tão louvado,
Graça que não diminui, Tesouro inesgotável.

Chuva incorruptível, Orvalho que desce na aurora,
Remédio levado a toda a parte, Tu que curas gratuitamente,
que dás uma redobrada saúde,
que encorajas muito poderosamente.

Convite que não enganas, Boa Nova em todos os pontos,
Rei que honras os escravos, Protector que amas os pobres.
Dador sempre rico, Recurso sem obstáculo,
irrevogável Decreto, indefectível Esperança,
longa Providência, ó Dom nunca arrependido.

Ó Direita aberta a todos, Mão com pressão sempre exacta,
Olhar imparcial, Voz consoladora,
Anúncio pacificador, Mensagem de alegria.

Ó Nome vivo, ó Dedo previdente,
Êxito infalível, ó Tu, cuja conduta é sem batota.

Vontade vivificante, Conselho sem felonia,
ó Tu, que honras sem inveja, imensamente capaz.

Tu que delimitas (a nossa inteligência).
Pegadas que não se encontram, Senda invisível,
Imagem incomensurável, infinita Grandeza.

Modelo sem par, Compaixão sem igual,
Misericórdia trasbordante, Condescendência digna de ser festejada,
ó Beijo salvador!

Que outros títulos conviriam mais
do que os que ainda se oferecessem à tua Divindade,
ó Bendito, Louvado, Celebrado, Preconizado,
Anunciado, Proclamado, Renomado, Narrado,
Suplicado com um desejo seguro de não ser frustrado.

E todos aqueles que nos inspiraram
as tuas efusões de suavidade,
aqueles que as composições dos discursos seguintes vão esclarecer.

Por tudo isso, mostras-te vigilante pela minha salvação, ó Bem-Aventurança,
como se te regalasses com o desejo de uma refeição apetitosa.

Aliás, nem precisas de ser glorificado pelo meu canto vão e fútil
mas porque queres muito aceitar as minhas pequenas súplicas
como causas de uma grande salvação que vem de Ti.

GREGÓRIO DE NAREK (951 -1003)

domingo, 22 de dezembro de 2019

22 Dezembro - Tu que tanto fizeste por mim



Ó meu Deus, Rei de toda a santidade,
prostrado a teus pés, suplico-te.
Conserva-me, a mim pecador indigno de quem te apiedaste, e, pelo teu poder,
fortalece esta planta do teu amor que enxertaste na árvore da minha esperança.

Que não seja sacudida pelos ventos
nem quebrada pela tempestade,
nem arrancada por nenhum inimigo,
nem queimada pelos fogos da negligência,
nem seca pela preguiça e pela dissipação,
nem totalmente aniquilada pela vaidade.
Porque, bem sabes, és o autor em mim destes dons e destas obras;
por isso, já não encontro ajuda em nenhum homem.
Conheces a minha fraqueza, sabes a minha miséria e a minha impotência total.
Sê compassivo comigo, Tu que és o Senhor rico de compaixão.
Prostro-me de todo o coração diante de Ti, para que não me abandones à minha vontade,
Tu que tanto fizeste por mim.


SIMEÃO, O NOVO TEÓLOGO (949-1022)

sábado, 21 de dezembro de 2019

21 Dezembro - Eu sou a cítara



É bom cantar ao Senhor
e o maior bem que nos é dado
é cantar o teu nome, ó Altíssimo;
julgaste-nos dignos de celebrar a tua bondade.
Senhor, criaste o universo, com uma simples palavra,
mas o homem é a obra das tuas próprias mãos.
Disso me glorifico:
eu sou a cítara, dotado de palavra e de razão,
para cantar o louvor e a gratidão
do universo criado pela tua bondade.
Grandes são as tuas obras, Senhor,
maior sou eu que as descubro;
também quero, com todos os meus sentidos, te cantar
e celebrar a tua majestade.
Senhor, com as tuas obras, cumulas-me de alegria,
por isso, canto com deleite o que as tuas mãos fizeram.

ISAAC DE ANTIOQUIA (+ 460)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

20 Dezembro - Porque escondes a tua face?



Porquê, prazer de todo o meu ser, afastas a tua face que me encanta? Onde se esconde a beleza de que estou ávido? Respiro o teu perfume, vivo e o prazer assalta-me; mas de modo nenhum te vejo.
Ouço a tua voz e revivo. Mas porque escondes a tua face? Talvez digas: «O homem não me verá e viverá.» Eia! Senhor, faz com que eu morra para te ver. Que te veja, quando eu morrer para o mundo. Já não quero viver, quero morrer: o meu único desejo é modificar-me e estar com Cristo. Desejo morrer para ver Cristo. Ó Senhor Jesus, recebe o meu último suspiro: minha vida, recebe a minha alma. Minha alegria, arranca o meu coração; meu doce alimento, devorar-te-ia. Minha cabeça, conduz-me. Luz dos meus olhos, ilumina-me. Harmonia, reina em mim. Única razão da minha glória, exalta a alma do teu servo. Entra nela, doçura suprema, para que ela te saboreie. Luz eterna, brilha sobre ela, para que te compreenda, para que ela te conheça e ame.

AGOSTINHO DE HIPONA (345-430)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

19 Dezembro - Oração para pedir repouso



Senhor Deus, dá-nos a paz. Não nos deste tudo?
A paz do repouso, a paz do sábado, a paz sem crepúsculo.
Toda esta ordem muito bela, daquilo que é muito bom,
Tudo isso passará, os seus limites serão atingidos:
N eles se fizeram uma manhã e uma tarde.
Mas o sétimo dia não conhece tarde nem pôr do Sol:
Tu sacrificaste-o para que permaneça eternamente
No termo das tuas obras, muito boas, contudo realizadas no repouso.
Tu repousaste ao sétimo dia.
Assim, a voz do teu livro anuncia que no termo das nossas obras, que também são muito boas,
Já que és Tu quem no-las oferece como dom, também nós, no sábado da vida eterna,
Repousaremos em Ti.
Então, repousarás em nós, como hoje operas em nós:
Assim, através de nós, este repouso será teu,
Justamente como as tuas obras, através de nós, são tuas.
Mas Tu, Senhor, continuamente operas e repousas,
Não tens nem visão para um tempo, nem repouso para um tempo
E, no entanto, és Tu quem faz as visões do tempo e o que são os tempos,
E o que é o repouso, mesmo no fim dos tempos.
Nós vemos as coisas que fizeste, porque elas existem.
Mas para Ti, elas só existem porque as vês.
Nós vemo-las com os olhos porque existem;
E, com o coração, porque são boas.
Mas Tu fizeste-as, mesmo quando as vias serem feitas.
Houve um momento em que fomos impelidos a fazer o bem,
Depois de o nosso coração o ter concebido do teu Espírito,
Enquanto antes deste tempo era contra vontade que éramos levados,
Como te abandonávamos!
Mas Tu, Deus Único e Bom,
Nunca deixaste de fazer o bem.
Algumas das nossas obras são boas - por um dom da tua graça, é bem verdade -
Mas não são eternas.
No seu término, esperamos encontrar o repouso na tua santidade infinita.
Mas Tu, Bem que não precisa de nenhum bem, estás sempre no repouso
Porque o teu repouso és Tu mesmo.
E quem me concederá que compreenda isto?
Que homem ao homem? Que anjo ao anjo? Que anjo ao homem?
Que to peçam a Ti! Que o procurem em Ti!
Que batam à tua porta!
Sim, sim, receber-se-á; sim, descobrir-se-á; sim, abrir-se-á.


AGOSTINHO DE HIPONA (354-430)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

18 Dezembro - Maria, Mãe de Deus



Ave, Maria, Mãe de Deus,
tesouro venerado de todo o universo,
luz que não se extingue,
de quem nasceu o Sol da Justiça,
ceptro da verdade, templo indestrutível.

Ave, Maria,
morada daquele que nenhum lugar contém,
que fizeste crescer uma espiga
que nunca murchará.

Por Ti, é abençoado, no Evangelho,
aquele que vem em nome do Senhor.
Por Ti, a Trindade é glorificada,
por Ti, a Cruz é adorada no universo inteiro.
Por Ti, exultam os céus,
por Ti, a humanidade caída foi levantada.
Por Ti, o mundo inteiro conheceu finalmente a Verdade.
Por Ti, em toda a terra, fundaram-se igrejas.
Por Ti, o Filho Único de Deus
fez resplandecer a sua luz
sobre os que estavam nas trevas,
sentados na sombra da morte.
Por Ti, os apóstolos puderam anunciar
a salvação às nações.
Como cantar dignamente o teu louvor,
ó Mãe de Deus,
por quem a terra inteira vibra de alegria?


CIRILO DE ALEXANDRIA (C. 376-444)

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

17 Dezembro - Quis entender aquilo em que creio



Quis entender aquilo em que creio,
Senhor, o mais que pude;
Desde que me deste força para isso,
Procurei-te
E quis entender aquilo em que creio
E discuti muito
E sofri.

Senhor, meu Deus,
Minha única esperança,
Ouve-me,
Não permitas que me canse de te procurar;
Mas põe no meu coração
Um desejo mais ardente de te procurar.

Eis-me diante de Ti com a minha força e a minha fraqueza:
Apoia uma e cura a outra.
Diante de Ti está a minha ciência e a minha ignorância,
Onde me encerraste, abre àquele que bate.
Que me lembre de Ti.
Que te compreenda.
Que te ame.


AGOSTINHO DE HIPONA (354-430)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

16 Dezembro - Faz. ó Pai com que eu te ame



Ó Deus,
Só a Ti é que amo.
Só a Ti procuro.
Só a Ti quero servir.
Só Tu deves ser o meu Amo.
Expulsa de mim a vaidade, para que eu possa reconhecer-te.
Diz-me para onde olhar, para te ver.
Quero cumprir o que Tu esperas.
Faz, ó Pai, com que eu te procure, preserva-me do erro.
Que na minha busca, nada mais que Tu se me apresente.
Embora seja verdade que não desejo nada mais que Tu,
Faz com que, ó Pai, te encontre.
E se ainda houver em mim algum desejo supérfluo,
Que eu queira revestir-me de Ti mesmo e tornar-me capaz de te ver.


AGOSTINHO DE HIPONA (354-430)

domingo, 15 de dezembro de 2019

15 Dezembro - Hino antes de adormecer



O trabalho do dia chegou ao fim
E volta a hora do repouso.
Por sua vez, o sono delicioso
Distende os membros fatigados.

O espírito tumultuoso de tempestades,
O espírito ferido pelos cuidados,
Bebe até ao mais fundo do ser
A doce taça do esquecimento.

Então no corpo desliza
A força do Letes, que expulsa
Todo o sentimento da dor
Do coração dos homens infelizes.

Os nossos membros frágeis receberam
Esta lei da ordem de Deus,
Para que um salutar deleite
Desse remédio à sua fadiga.

Mas, enquanto um repouso amigo
Erra através de todas as veias
E apazigua o coração que descansa,
Banhando-o num sono ameno,

O espírito livremente vagabundo,
Rápido e vivo, entre os ares,
E diversas aparições
Mostram-lhe coisas escondidas.



Porque, liberta de cuidados, a alma,
Que tem o céu por origem
Cuja fonte pura é o éter,
Não pode ficar parada, inerte.

Ela forja, imitando a verdade,
Imagens de todas as espécies,
Ela move-se rapidamente
O que a faz agir um pouco. [...]

Toma cuidado ao apelo do sono.
Quando entrares no teu casto leito
Faz o sinal da Cruz
Na tua testa como no teu coração.

A cruz repele todas as faltas
E põe as trevas em fuga;
O espírito que consagra esse sinal
Não conseguirá ser agitado.

Embora o nosso corpo, fatigado,
Jaz docemente inclinado,
No próprio sono,
Pensaremos, ó Cristo, em Ti.


PRUDÊNCIO (348-C. 405/410)

sábado, 14 de dezembro de 2019

14 Dezembro - Cântico espiritual



Onde te escondeste, meu Amado,
Deixando-me a gemer?
Como o cervo, tu fugiste,
Tendo-me ferido;
Clamando, te segui, mas tinhas ido.

Pastores, se fordes
Aos redis, lá na colina,
Se porventura virdes
Aquele que eu mais amo
Dizei-lhe que estou doente, peno e morro.

Procurando os meus amores,
Irei por esse montes e ribeiras,
Não colherei as Rores,
Nem temerei as feras,
E passarei os fortes e fronteiras.

Ó bosques e espessuras
Plantadas pela mão do Amado!
Ó prado de verduras,
De Rores esmaltado,
Dizei se por vós terá passado!

Mil graças derramando
Passou por estes soutos apressado,
E, enquanto os ia olhando,
Só com a sua figura
Vestidos os deixou de formosura.

Ai, quem pudesse curar-me!
Acaba de entregar-te já a sério;
Não queiras enviar-me
Outro novo mensageiro,
Que não sabe dizer-me o que jogo.

E todos aqueles que me cercam,
De ti mil graças relatando.
E todos mais me ferem.
E deixa-me morrendo
Um não sei quê que ficam balbuciando.

Mas como perseveras,
Ó vida, não vivendo onde vives,
E fazendo, para que morras,
As flechas que recebes
Do que do Amado em ti concebes?

Porque é que, se chagaste
Este coração, não o curaste?
E tendo-mo roubado,
Porque assim o deixaste,
E não tomas o roubo que roubaste?

Apaga meus enfados,
Qpe ninguém consegue desfazê-los
E vejam-te meus olhos
Porque tu és o lume deles,
E só para, ti quero tê-los.

Ó cristalina fonte,
Nesse teu semblante prateado,
Tirasses de repente
Os olhos desejados,
Que tenho em minhas entranhas desenhados!

Aparta-os, Amado,
Que me vou, voando.
[...]
Meu Amado, as montanhas,
Os vales solitários nemorosos,
As ilhas singulares,
Os rios sonorosos,
O silvo dos ares amorosos.

A noite sossegada,
Com o nascer da aurora,
A música calada,
A solidão sonora,
A ceia que recria e enamora.

Nosso leito florido,
De covas de leões enlaçado,
Em púrpura estendido,
De paz edificado,
De mil escudos de ouro coroado.

Atrás da tua pegada,
As jovens acorram ao caminho,
Ao toque da centelha,
Ao saboroso vinho,
Emissões de bálsamo divino.

Na cave interior
Do meu Amado bebi e quando saía,
Por toda esta veiga,
Já nada eu sabia
E o gado perdi que antes seguia.

Lá, deu-me seu peito,
Lá me ensinou ciência mui saborosa,
E eu me lhe dei com efeito
Sem pra mim deixar coisa;
Lá lhe prometi ser sua esposa.

Minha alma se entregou
E todos os meus bens, ao seu serviço:
Já não cuido do meu gado,
Nem já tenho outro ofício,
Que já só amar é meu exercício.


JOÃO DA CRUZ (1542-1591)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

13 Dezembro - Tu, o Além de tudo


Ó Tu, o Além de tudo,
Como chamar-te por outro nome?
Que hino poderá cantar-te?
Nenhuma palavra te exprime.
Que espírito poderá compreender-te?
Nenhuma inteligência te concebe.
Único, Tu és inefável;
Tudo o que se diz saiu de Ti.
Ú nico, Tu és inconhecível;
Tudo o que se pensa saiu de Ti.
Todos os seres te celebram,
Os que falam e os que estão mudos.
Todos os seres te prestam homenagem,
Os que pensam e os que não pensam.
O desejo universal, o gemido de todos
Aspira a Ti
Tudo o que existe ora a Ti
E para Ti todo o ser que sabe ler o teu universo 
Faz elevar-se um hino de silêncio.
Tudo o que permanece, permanece unicamente em Ti,
O movimento do universo reflui em Ti.
De todos os seres Tu és o fim,
Tu és único.
Tu és todos e nenhum.
Tu não és um ser único, nem és o conjunto:
Tu tens todos os nomes,
Como te chamarei? (C.
Tu o único que não se pode nomear;
Qpe espírito celeste poderá penetrar as névoas
Qpe escondem o próprio céu?
Tem piedade, ó Tu, o Além de tudo,
Como chamar-te por outro nome?

GREGÓRIO DE NAZIANZO (C. 329-390)

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

12 Dezembro - Sub tuum praesidium


Sub tuum praesidium confugimus,
Sancta Dei Genetrix.
Nostras deprecationes ne despicias
in necessitatibus nostris,
sed a periculis cunctis libera nos semper,
Virgo gloriosa et benedicta

À vossa protecção nos acolhemos
Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas
Em nossas necessidades;
Mas livra-nos de todos os perigos,
Ó Virgem gloriosa e bendita.

Século III – Liturgia copta

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

11 Dezembro - A minha vida declina todos os dias


Senhor Jesus Cristo, Rei dos reis,
que tens poder sobre a vida e a morte;
conheces o que é secreto e está escondido,
nem os nossos pensamentos, nem os nossos sentimentos te podemos ocultar.
Cura o meu comportamento, pratiquei o mal diante de Ti.

A minha vida declina todos os dias,
e os meus pecados continuam a crescer.
ó Senhor, Deus dos espíritos e dos corpos,
conheces a extrema facilidade
da minha alma e da minha carne.
Concede-me, Senhor, a força da minha fraqueza
e apoia -me na minha miséria.

Senhor, não desdenhes a minha oração de pobre,
conserva-me na tua graça até ao fim;
que ela me guarde com aconteceu no passado.
É ela que me ensina a sabedoria:
bem-aventurados os que seguem os seus caminhos,
porque receberão a coroa de glória.


EFRÉM DE NÍSIBIS 

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

10 Dezembro - Senhor e Mestre da minha vida


Senhor e Mestre da minha vida,
afasta de mim
o espírito de ociosidade, de desencorajamento,
de dominação e de palavras vãs.

Dá ao teu servo
o espírito de integridade, de humildade,
de paciência e de caridade.

Sim, Senhor e Rei,
concede-me ver as minhas faltas
e não julgar o meu irmão.
Porque és bendito
pelos séculos dos séculos.
Ámen.

EFRÉM DE NISIBIS (C. 306-373)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

9 Dezembro - Eu estava infeliz e sem objectivo


Eu estava infeliz e sem objectivo, e procurava um sentido para a minha vida. E a tua misericórdia estendeu-se sobre mim. Foste bom, Senhor Deus Todo-Poderoso, deste-me a vida e também uma inteligência racional. Instruíste-me através de Moisés e dos teus profetas: ensinaram-me que não eras um Deus solitário. Agora sei que contigo existe outro Deus que, por natureza, não difere de ti mas que é Um contigo no mistério da tua substância. Recebi este ensino pela voz dos evangelistas e dos apóstolos. Esta é a fé que conservo tão fielmente na minha alma que não posso nem quero crer de outro modo.

Mas, Senhor, se estou em erro, ter-me-ias Tu enganado? É claro que não! Os profetas não podem ter-se enganado porque foram unânimes ao anunciar a tua vinda; nem os evangelistas: Mateus, este publicano que escolheste para fazer dele teu apóstolo; nem João, que a sua familiaridade com Cristo tornou digno de conhecer a revelação dos mistérios sagrados; nem Simão que, tendo professado a fé, foi escolhido como fundamento da tua Igreja e que recebeu as chaves do teu Reino; nem todos os outros, impelidos pelo Espírito para pregar o Evangelho; nem, por fim, Paulo, vaso de eleição, perseguidor tornado apóstolo, vivendo até ao fundo do mar antes mesmo de sofrer o martírio e que ofereceu, na sua morte, o cumprimento de uma fé perfeita.

HILÁRIO DE POITIERS (315-C. 367)

domingo, 8 de dezembro de 2019

8 Dezembro - Akatistos


O anjo príncipe foi enviado do céu
Para dizer à Mãe de Deus: «Alegra-te!»
Pasmado de espanto ao ver-te, Senhor, tomar corpo com esta palavra incorporal,
ele estava perante ela, clamando assim:

Rejubila, Esplendor de alegria,
Rejubila, esposa não desposada,
Rejubila, por quem a maldição se extinguirá,
Rejubila, Ressurreição de Adão caído,
Rejubila, Exaurimento das lágrimas de Eva,
Rejubila, Cume inacessível à razão humana,
Rejubila, porque és o Trono do Rei,
Rejubila, porque levas em ti Aquele que tudo leva,
Rejubila, estrela anunciadora do Sol,
Rejubila, seio em que Deus se fez carne,
Rejubila, Renovadora de todas as criaturas,
Rejubila, ó Tu, em quem o Criador é adorado,
Rejubila, esposa não desposada.

Cantando o teu parto, nós te louvamos,
Mãe de Deus, como um templo vivo,
Porque o Senhor, que mantém tudo na sua mão,
Habitando no seu seio, te santificou e glorificou,
E ensina-nos a todos a cantar:

Rejubila, Tabernáculo de Deus e do Verbo,
Rejubila, esposa não desposada,
Rejubila, verdadeiro Santo dos Santos,
Rejubila, arca coberta de ouro pelo Espírito,
Rejubila, tesouro inesgotável de vida,
Rejubila, precioso diadema de reis virtuosos,
Rejubila, glorioso louvor dos presbíteros piedosos,
Rejubila, coluna inabalável da Igreja,
Rejubila, muralha impenetrável do Reino,
Rejubila, ó Tu, por quem vem a vitória,
Rejubila, ó Tu, por quem os nossos inimigos são derrubados,
Rejubila, protecção da minha alma,
Rejubila, cura do meu corpo,
Rejubila, esposa não desposada.


ATRIBUÍDO A SÃO GERMANO (C. 635-733) 

sábado, 7 de dezembro de 2019

7 Dezembro - Procura-me, porque eu te procuro


Procura-me, porque eu te procuro. Procura-me, encontra-me, toma-me, leva-me, Tu és capaz de encontrar aquele que procuras. Digna-te recolher nos teus braços aquele que encontrares. Põe aos teus ombros aquele que tiveres recolhido. Para Ti, este leve fardo não será fatigante; o que levar a tua justiça não será um peso para Ti. Por isso, vem, Senhor, porque, embora eu me tenha transviado, «não me esqueci dos teus preceitos». Conservo a esperança de ser curado. Vem, Senhor, porque só Tu és capaz de voltar a encontrar a tua ovelha perdida. As que deixares não ficarão tristes porque se alegram com o regresso do pecador. Por isso, vem, opera a salvação na terra, a alegria no céu. Por isso, vem, procura a tua ovelha, não pelo intermédio dos teus pequenos servos ou dos teus mercenários, mas vem Tu próprio, recebe-me nesta carne que, em Adão, caiu; recebe-me, não de Sara, mas de Maria, de modo que ela seja a Virgem incorruptível, indemne, pela tua graça, de toda a mancha do pecado. Carrega-me na tua Cruz que é a salvação das ovelhas errantes, onde encontram o repouso os cansados, onde vivem os que estão mortos. Porque aquele que o teu poder leva aos ombros não pode morrer.

AMBRÓSIO DE MILÃO (340-397)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

6 Dezembro - Querer o que Tu queres


Concede-nos, Senhor, imitemos a regra da vida celeste: querer o que Tu queres.
Por isso, vem auxiliar a nossa vontade hesitante que deseja cumprir o que ordenas, mas a fraqueza do corpo entrava-a.

Estende a mão àqueles que gostariam de correr, mas só conseguem coxear.

A nossa alma tem asas, mas a carne puxa-a para baixo. Está pronta para subir às realidades celestes, mas inclina-se para as realidades terrenas.

Que o teu auxílio venha em nossa ajuda e o que parecia impossível tornar-se-á possível. Ámen.

ATRIBUÍDO A JOÃO CRISÓSTOMO (C. 350-407)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

5 Dezembro - Que Jesus reine


Oremos para que Jesus reine sobre nós
Que a nossa terra seja livre da guerra
Qye sejamos livres dos assaltos das nossas cobiças carnais
E que, quando cada um puder repousar à sombra da vinha,
Da sua figueira, da sua oliveira,
À sombra do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
Repousa a alma que encontrou a paz da carne e do espírito.
A Deus, a glória pelos séculos dos séculos.

ORÍGENES (c. 185 - C. 254)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

4 Dezembro - Tu, o nosso pedagogo


Sê propício, ó divino Pedagogo, aos teus filhinhos, ó Pai, guia de Israel, Pai e Filho juntos, Senhor.
Dá-nos que, seguindo os teus preceitos, atinjamos a semelhança da Imagem e que, segundo as nossas forças, experimentemos a bondade de Deus, o Juiz sem dureza.
Concede-nos que vivamos todos na tua paz, sejamos transportados à tua cidade, atravessemos sem soçobrar nas águas do pecado, sejamos levados pacificamente pelo Espírito Santo, a Sabedoria indizível!
Concede-nos que cantemos a ti, noite e dia e até ao último dia, um cântico de acção de graças. Recebe o nosso louvor, ó único Pai e Filho, ó Filho e Pai, Filho, nosso Pedagogo e Mestre, com o Espírito Santo.
Tudo está no Único, em quem tudo está, por quem tudo é um, por quem é a eternidade, de quem somos todos membros; a Ele a glória pelos séculos!
Tudo está no Deus bom, tudo no Deus belo, tudo no Deus sábio, tudo no Deus justo.
A Ele a glória e agora e pelos séculos dos séculos!
Ámen.

CLEMENTE DE ALEXANDRIA (C. 150-C. 215)

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

3 Dezembro - Sê a nossa ajuda e refúgio


Pedimos-te, ó Todo-Poderoso,
Sê nossa ajuda e nosso apoio.
Salva os oprimidos,
Tem piedade dos humildes,
Levanta os que caíram.
Mostra-te a quem precisa de Ti,
Cura os doentes,
Reconduz os do teu povo que se transviaram.
Sacia os que têm fome,
Liberta os nossos prisioneiros;
Endireita os fracos,
Consola os pusilânimes;
Que todos os povos reconheçam
que «só Tu és o único Deus»
que Jesus Cristo é o teu Filho,
que «somos o teu povo e as ovelhas das tuas pastagens». [ ... ]

Depois, Mestre, «faz brilhar sobre mim o teu rosto»
Para que possamos beneficiar dos bens em paz,
Proteger-nos com a tua «mão poderosa»,
Libertar-nos de todo o pecado pelo «teu braço forte».
Salvar-nos daqueles que nos odeiam injustamente,
Dá-nos a concórdia e a paz,
A nós e a todos os habitantes da terra,
como Tu as deste aos nossos pais.
Quando te oravam na fé e na verdade,
e de geração em geração
e pelos séculos dos séculos!
Ámen.

CLEMENTE DE ROMA (+ 101)

28 Fevereiro - Sob o sol de Satã

Senhor, não é verdade que te tenhamos amaldiçoado; que pereça esse mentiroso, essa falsa testemunha, o teu insignificante rival! Ele ...