Eu estava infeliz e sem
objectivo, e procurava um sentido para a minha vida. E a tua misericórdia
estendeu-se sobre mim. Foste bom, Senhor Deus Todo-Poderoso, deste-me a vida e
também uma inteligência racional. Instruíste-me através de Moisés e dos teus
profetas: ensinaram-me que não eras um Deus solitário. Agora sei que contigo
existe outro Deus que, por natureza, não difere de ti mas que é Um contigo no
mistério da tua substância. Recebi este ensino pela voz dos evangelistas e dos
apóstolos. Esta é a fé que conservo tão fielmente na minha alma que não posso
nem quero crer de outro modo.
Mas, Senhor, se estou em erro,
ter-me-ias Tu enganado? É claro que não! Os profetas não podem ter-se enganado
porque foram unânimes ao anunciar a tua vinda; nem os evangelistas: Mateus,
este publicano que escolheste para fazer dele teu apóstolo; nem João, que a sua
familiaridade com Cristo tornou digno de conhecer a revelação dos mistérios
sagrados; nem Simão que, tendo professado a fé, foi escolhido como fundamento
da tua Igreja e que recebeu as chaves do teu Reino; nem todos os outros,
impelidos pelo Espírito para pregar o Evangelho; nem, por fim, Paulo, vaso de
eleição, perseguidor tornado apóstolo, vivendo até ao fundo do mar antes mesmo
de sofrer o martírio e que ofereceu, na sua morte, o cumprimento de uma fé
perfeita.
HILÁRIO DE POITIERS (315-C. 367)
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