segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

23 Dezembro - Meu Deus, dispensador de dons



Meu Senhor, ó Senhor.
Dispensador de dons, cuja essência é ser bom,
Tu, que governas todos os seres com equidade,
quem sozinho criou do nada todas as coisas.

Ó Glorificado, Inescrutável, Poderoso,
Temível, Terrível, Forte,
ó Tu, cuja veemência ninguém pode suportar.

Ó Inacessível, Inatingível, Incompreensível,
Indizível, Invisível, Insondável,
ó Impalpável, Impenetrável
Tu, que és sem início e estás fora do tempo.

Ciência em que não há bruma,
Olhar que nunca enfraquece.
Essência verdadeira, simultaneamente eminente e humilde,
Existência abençoada.

Oriente sem sombra, Raio totalmente deslumbrante,
Tu, que proclamamos Luz.

Ó Confiança infalível, Repouso sem inacção,
Selo indelével, Espectáculo infinito,
ó Nome de quem se deu testemunho.

Sabor de suavidade, Taça de alegria,
ó Pão que fortaleces as almas.

Amor alheio a toda a escuridão,
lndubitável promessa.

Véu digno de inveja, Veste inviolável,
Manto desejável, Ornamento de glória.

Ó Grande, que nos estendes a mão, Refúgio tão louvado,
Graça que não diminui, Tesouro inesgotável.

Chuva incorruptível, Orvalho que desce na aurora,
Remédio levado a toda a parte, Tu que curas gratuitamente,
que dás uma redobrada saúde,
que encorajas muito poderosamente.

Convite que não enganas, Boa Nova em todos os pontos,
Rei que honras os escravos, Protector que amas os pobres.
Dador sempre rico, Recurso sem obstáculo,
irrevogável Decreto, indefectível Esperança,
longa Providência, ó Dom nunca arrependido.

Ó Direita aberta a todos, Mão com pressão sempre exacta,
Olhar imparcial, Voz consoladora,
Anúncio pacificador, Mensagem de alegria.

Ó Nome vivo, ó Dedo previdente,
Êxito infalível, ó Tu, cuja conduta é sem batota.

Vontade vivificante, Conselho sem felonia,
ó Tu, que honras sem inveja, imensamente capaz.

Tu que delimitas (a nossa inteligência).
Pegadas que não se encontram, Senda invisível,
Imagem incomensurável, infinita Grandeza.

Modelo sem par, Compaixão sem igual,
Misericórdia trasbordante, Condescendência digna de ser festejada,
ó Beijo salvador!

Que outros títulos conviriam mais
do que os que ainda se oferecessem à tua Divindade,
ó Bendito, Louvado, Celebrado, Preconizado,
Anunciado, Proclamado, Renomado, Narrado,
Suplicado com um desejo seguro de não ser frustrado.

E todos aqueles que nos inspiraram
as tuas efusões de suavidade,
aqueles que as composições dos discursos seguintes vão esclarecer.

Por tudo isso, mostras-te vigilante pela minha salvação, ó Bem-Aventurança,
como se te regalasses com o desejo de uma refeição apetitosa.

Aliás, nem precisas de ser glorificado pelo meu canto vão e fútil
mas porque queres muito aceitar as minhas pequenas súplicas
como causas de uma grande salvação que vem de Ti.

GREGÓRIO DE NAREK (951 -1003)

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