domingo, 26 de junho de 2022

26 de Junho - Ó minha Trindade, meu Tudo, minha Beatitude

 


Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer totalmente para me fixar em vós, imóvel e plácida, como se a minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa turvar a minha paz, nem fazer-me sair de vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me leve mais longe na profundidade do vosso Mistério. Pacificai a minha alma, fazei dela o vosso céu, a vossa morada amada e o lugar do vosso repouso. Que nunca vos deixe lá sozinha, mas que esteja lá, inteira, totalmente desperta na minha fé, em plena adoração, totalmente entregue à vossa Acção criadora.

 

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, queria ser uma esposa para o vosso Coração, queria cobrir-vos de glória, queria amar-vos… até morrer de amor! Mas sinto a minha impotência, e peço-vos que “me revistais de vós mesmo”, que identifiqueis a minha alma com todos os movimentos da vossa alma, que me mergulheis, que me invadais, que vos substituais a mim, a fim de que a minha vida não seja mais do que uma irradiação da vossa Vida. Vinde em mim como Adorador, como Reparador e como Salvador. Ó Verbo eterno, Palavra do meu Deus, quero passar a minha vida a ouvir-vos, quero tornar-me plenamente ensinável, a fim de aprender tudo de vós. Pois, através de todas as noites, todos os vazios, todas as impotências, quero fixar-vos sempre e ficar sob a vossa grande luz: ó meu Astro amado, fascinai-me para que nunca mais possa sair do vosso resplendor.

 

Ó Fogo que consome, Espírito de Amor, “sobrevinde em mim”, a fim de que se faça na minha alma como que uma encarnação do Verbo, que eu seja para ele uma humanidade suplementar na qual ele renova todo o seu Mistério. E vós, meu Pai, inclinai-vos para a vossa pobre criaturinha, “cobri-a com a vossa sombra”, vede nela apenas o “Bem-Amado no qual haveis posto todo o vosso amor”.

 

Ó minha Trindade, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a vós como uma presa. Mergulhai em mim para que eu mergulhe em vós, enquanto espero in contemplar, na vossa luz, o abismo das vossas grandezas.

 

Elisabeth da Trindade (1880-1906), monja carmelita

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