terça-feira, 13 de abril de 2021

13 Abril - Tomei a palavra Senhor




Tomei a palavra, Senhor, e irrito-me,
irrito-me porque me agito, me esforço, com o gesto e com a voz.
Pus-me todo inteiro nas minhas frases, nas minhas palavras.
Temo que o essencial não tenha sido entregue, Senhor,
e as palavras são demasiado apertadas para o conter.
 
Tomei a palavra, Senhor, e estou inquieto.
Tenho medo de falar, porque é grave.
É grave perturbar os outros,
fazê-los sair de sua casa,
imobilizá-los na soleira da sua porta.
É grave detê-los por longos minutos, de mãos estendidas,
coração aberto, pedindo uma luz
ou, então, uma parte de coragem para viver e para agir.
Se eu, Senhor, os despedisse de mãos vazias!
 
Contudo, devo falar.
Deste-me a palavra para alguns anos,
devo conservá-la.
Devo a minha alma aos outros
e as palavras esperam nos bordos dos meus lábios.
[...]
 
Perdoa-me, Senhor, por ter falado tão mal.
Perdoa-me por ter falado tantas vezes para não dizer nada.
Perdoa-me os dias em que prostituí os meus lábios ao pronunciar
palavras ocas,
palavras falsas,
palavras cobardes,
palavras em que Tu não pudeste mostrar-te.
 
Ajuda-me quando tiver de tomar a palavra numa assembleia,
intervir numa discussão,
conversar com um irmão.
Sobretudo, Senhor, faz com que a minha palavra seja uma semente
e que aqueles que receberem as minhas palavras
possam esperar uma bela colheita.


Michel Quoist

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