Senhor, Senhor,
pelo menos que esta casca que me cobre
não seja para vós uma barragem. Passai!
Os meus olhos, as minhas mãos, a minha boca são vossos.
Esta mulher tão triste à minha frente:
eis a minha boca para que lhe sorriais.
Esta criança quase cinzenta, de tão pálida que é:
eis os meus olhos para que a contempleis.
Este homem tão cansado, tão cansado:
eis o meu corpo
para que lhe deixeis o meu lugar,
e a minha voz para que lhe digais muito docemente:
“Sente-se”.
Esse rapaz tão fátuo, tão tonto, tão duro,
eis o meu coração para que o ameis
com mais força do que alguma vez o foi…
Onde não há amor, se pusermos amor,
colhemos amor.
Madelaine Delbrêl (1904-1964), leiga, enfermeira de formação
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