quinta-feira, 25 de agosto de 2022

25 de Agosto - Estava tão descansado em minha casa



Senhor, porque me dissestes

que amasse todos os meus irmãos, os homens?

Tentei, mas regresso junto de vós, aterrorizado…

Senhor, estava tão descansado em minha casa,

tinha-me organizado, tinha-me instalado.

Sozinho, estava conciliado comigo mesmo,

abrigado do vento, da chuva, da lama…

Teria permanecido puro, encerrado na minha torre.

 

Mas vós obrigastes-me a entreabrir a porta.

Como uma rajada de chuva em pleno rosto,

o grito dos homens despertou-me.

E deixei uma porta entreaberta,

como fui imprudente.

Lá fora, os homens esperavam-me.

Eram muitos, eram miseráveis.

Invadiram-me sem dizerem água vai,

foi preciso arranjar-lhes lugar em minha casa.

 

Senhor, eles magoam-me,

são demasiado incómodos, demasiado invasivos.

Já não posso fazer mais nada.

Quanto mais empurram a porta mais a porta se abre.

Ah! Senhor, estou perdido, já não estou só.

Já não há lugar para mim em minha casa.

 

- Não temas nada – diz Deus -, ganhaste tudo.

Porque enquanto esses homens entravam em tua casa,

Eu, o teu Pai, eu, o teu Deus,

introduzi-me entre eles.

 

Michel Quoist (1921-1997)

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