Aí está, meu Deus. Procuravas-me?
Que queres de mim? Não tenho nada para Te dar.
Desde o nosso último encontro,
não pus nada de lado para Ti.
Nada… nem uma boa acção. Estava demasiado cansada.
Nada… nem uma boa palavra. Estava demasiado triste.
Apenas a falta de apetite de viver, o tédio, a
esterilidade.
- Dá!
A pressa, a cada dia, de ver a jornada terminada,
sem servir para nada,
o desejo do repouso longe do dever e das obras,
o despego do bem fazer,
a falta de apetite de Ti, ó meu Deus!
- Dá!
O torpor da lama, o remorso da minha moleza
e a moleza mais forte do que o remorso…
- Dá!
A necessidade de ser feliz,
a ternura que desfaz a dor
de ser eu sem recurso…
- Dá!
Perturbações, terrores, dúvidas…
- Dá!
Senhor, eis qu, tal como um trapeiro,
vais recolhendo resíduos, imundícies.
Que queres fazes com eles, Senhor?
- O Reino dos céus.
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