Meu Deus, como sois bom,
não só por vos mostrardes,
mas por falardes ao fundo das almas.
Ó, meu Deus, concedei-nos essa graça,
vós que vindes tão amiúde a nós,
de vos reconhecermos e vos recebermos
com a humildade, a renúncia,
a dádiva de nós próprios
e o amor sem medida que convém.
Meu Deus, como sois bom!
Para nos ensinardes o preço da vossa presença
e para nos tornardes fervorosos,
deixais-nos por vezes nas securas
e nas trevas.
Enterramo-nos nas areias movediças.
Mas então vós gritais:
“Procura-te em mim”
e apresentais-nos uma âncora sólida
a que podemos amarrar a nossa alegria.
Essa âncora
é a alegria da vossa Beatitude infinita.
Meu Deus, como sois bom!
Não existe pecador tão grande,
criminoso tão empedernido,
a que não ofereçais em voz alta o Paraíso,
como o deste ao bom ladrão
pelo preço de um instante da vossa vontade!
Fazei com que vos imitemos,
nunca perdendo a esperança em nós
e nunca perdendo a esperança no nosso próximo.
Meu Deus, como sois bom
e que amor devemos ter
por todo o ser humano,
dado que fizestes o homem
“à vossa imagem e semelhança”!
Que respeito por todo o homem!
Que respeito por nós próprios!
Ó meu Deus, dai-me, suplico-vos,
esse respeito e esse amor.
Fazei-me ver sempre, em cada homem, a vossa imagem.
Carlos de Foucauld (1858-1916)
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