Senhor, porque, com todo o instinto e em todas as
oportunidades da minha vida, nunca deixei de procurar-te e de colocar-te no
coração da Matéria universal, será no deslumbramento de uma Transparência
universal e de uma Conflagração universal que terei a alegria de fechar os
olhos...
Como se tendo aproximado e posto em contacto os dois
pólos, tangível e intangível, externo e interno, do mundo que nos arrasta,
tivesse incendiado tudo e tudo desencadeado...
Sob a forma de um «pequenino» nos braços da sua Mãe -
conforme com a grande Lei de Nascimento -, entraste, Jesus, na nossa alma de
criança. E eis que, repetindo e prolongando em mim o círculo do teu crescimento
através da Igreja - eis que a tua humanidade palestiniana foi, pouco a pouco,
expandindo por todos os lados, como um
quartzo iriado multifacetado em que a tua Presença, sem nada destruir, penetrava, sobreanimando uma outra presença desconhecida em volta de mim...
quartzo iriado multifacetado em que a tua Presença, sem nada destruir, penetrava, sobreanimando uma outra presença desconhecida em volta de mim...
Tudo isto porque, num universo que a mim se descobria em
estado de convergência, Tu tomaste, por direitos de Ressurreição, a posição
dominadora do centro total em que tudo se reúne! [...]
Antes e acima de si, a humanidade, tendo subido à
consciência do movimento que a move, tem cada vez maior necessidade de um
sentido e de uma solução a que lhe seja possível dedicar-se plenamente.
Pois bem! Este Deus, não somente do velho cosmos, mas da
cosmogénese nova (na própria medida em que o efeito de um trabalho místico duas
vezes milenar é fazer aparecer em Ti, no Menino de Belém e no Crucificado, o
Princípio motor e o Núcleo colector do próprio mundo) - este Deus tão esperado
pela nossa geração, não serás Tu, Jesus, muito justamente, quem o representa e
quem no-lo traz?
PIERRE TEILHARD DE CHARDIN (1881-1955)
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